domingo, 13 de dezembro de 2009

Transição





Enfim começou, iniciou-se a contagem regressiva. Após nove ou menos meses de espera, o livro finalmente ganhará linhas, que virarão parágrafos, e capítulos, que contarão detalhes de nossas vidas. O grande e infeliz problema é que as páginas vez ou outra terão que acabar, a tinta vez ou outra irá falhar, talvez nem cheguemos a colocar o ponto final no ultimo capitulo.
Vivemos contra o tempo, contra o mundo. Na realidade, vivemos nossa morte, uma das poucas certezas que possuímos. Convictos em algumas crenças, apegados em algumas suposições. Isso nos da força, recarrega nossas lapiseiras e nos oferta novas páginas. Diante de tal situação irrevogável, ainda chega a ser assustadora a forma como desperdiçamos cada segundo, cada oportunidade. Não falo só de amores... Não, falo de um modo geral, das surpresas que encontramos a cada dia.
Nós viemos ao mundo só de passagem, com data prevista para retornarmos ou, irmos para outro lugar. À medida que vamos sobrevivendo, muros desabam do céu e nos enquadram a um confinamento. É como se fossemos claustrofóbicos e as paredes começassem ao longe e viessem se aproximando cada vez mais, nos limitando, nos asfixiando. Essa tão cruel realidade chama-se IDADE. Essa tão cruel narração, chamamos de VIDA.
Então seria a vida a contagem ou intervalo de tempo para chegarmos à morte?
Então vivemos em um paralelismo, uma realidade transitória?
Viemos do nada e ao nada voltaremos?
Seria esse o momento para tentar ser feliz, já que sabemos que não teremos outra oportunidade, que no fim o tudo será Nada?
Então porque tanta briga, desunião, ódio, ciúme, raiva, conflito, inveja, desapego, intolerância...?
É engraçado pensar, quer dizer, somos o legado dos nossos pais, eles já sabiam que seria assim e ainda sim nos condenaram a morte? Ou será que eles imaginavam que nós poderíamos fazer algo mais neste intervalo, digo: - será que pensavam que nós poderíamos evitar tantos conflitos? Que seriamos melhores, que faríamos mais?
Definitivamente a dubialidade é feroz e os pensamentos interrogativos trazem infelicidade. Neste momento o que faço? Apenas desperdiçando o tempo que me resta ou tentando fazer aquilo que os meus mais esperavam de mim?

Já dizia o poeta... “o que se leva da vida é a vida que se leva”


Shell

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