segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Queria eu
Queria eu, ser dono da escrita afiada, das palavras tórpidas, oriundas de efeitos devastadores e armagedônicos. Mas não, sou um mero menestrel, um tolo de frases feitas e sem efeito.
Queria eu, saber manusear com o lápis linhas e frases, versos e parágrafos, sonetos com toda métrica e musicalidade que os mais deslumbrantes e onipotentes poemas atingem...
Queria eu, ter mais recursos e pensamentos e não parecer tão repetitivo em idéias tão simplórias e casuais...
Mas como não ser repetitivo, estou preso, circunscrito a uma jogatina cíclica, onde nem a força centrífuga que tento impor ao meu deslocamento permite a minha fuga...
Como escapar dos contextos tão comuns que vão, e quando inesperados, fazem-se lembrar em sua ascensão existência nos devaneios de um solitário incrédulo na fuga da nostalgia...
É difícil caminhar, quando o caminho é retrogrado a cada passo prosseguido...
É difícil sustentar mentiras quando a verdade esfrega-se diante da face que repugna por acreditar que a mentira amenize mais o sofrimento camaleônico, refraturado, repuxado, usado, largado, farroupilho...
Queria eu um dia saber manusear e associar as palavras certas, para construir frases e orações bem empregadas que fizessem por uso do uso da boa língua, mostrar enfim que as verdades que tanto afirmo em minhas brincalhonas mentiras são mais que sinceras, mais que figuras soltas no ar que respiro, que me da fôlego para mais uma vez rebuscar no âmago dos sentimentos, os agora “clichês” de tão repetidos por mim e copiados por todos...
E nessa embriagues de pensamentos com doses fulminantes de sentimentos, assento-me quieto mais uma vez, sem a coragem devida de lutar por aquilo que acredito. Talvez apenas por acreditar que a ressaca do amanhecer trar-me-ia o esquecimento e acolhimento das verdades e sentimentos ocultos.
Shell
Assinar:
Postar comentários (Atom)
"Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos, eles lá terão a sua beleza, se forem belos.Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,porque as raízes podem estar debaixo da terra, mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
ResponderExcluirTem que ser assim por força. Nada o pode impedir"
Fernando Pessoa
Texto magnífico, não só este, mas tantos outros que já pude ler aqui.Teus versos são versos merecedores de páginas, logo logo já não serão pensamentos ocultos!"Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir"
Bjo...
Karla Medeiros.
"Queria eu, saber manusear com o lápis linhas e frases, versos e parágrafos, sonetos com toda métrica e musicalidade que os mais deslumbrantes e onipotentes poemas atingem..."
ResponderExcluirVocê consegue, e faz isso com tamanha perfeição que escapa dos contextos comuns e embriaga aquele que é absorvido pelas tuas palavras.
=)
Te adoro!